sexta-feira, 27 de abril de 2018

Biênio da Matemática: ICMC promove Workshop de Singularidades e mais dois eventos


Participantes do 14º Workshop de Singularidades, realizado em 2016.
(Crédito da foto: Reinaldo Mizutani)

O Brasil está em evidência no mundo da matemática. Os eventos mais importantes da área estão acontecendo no nosso país desde o ano passado, e ainda temos muitas iniciativas pela frente. Entre elas, o Congresso Internacional de Matemáticos (ICM, na sigla oficial), que acontecerá no Rio de Janeiro, de 1º a 9 de agosto.

Diversos pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, participam da organização de eventos que acontecerão antes do Congresso. Entre as iniciativas está o Workshopde Singularidades, o Workshop para Mulheres em Equações Diferenciais e a Conferência de Equações Diferenciais ParciaisNão-lineares.

Esses eventos aproveitam a presença de pesquisadores da área, que estão no país por causa do Congresso, para enriquecer as atividades locais. Realizado a cada quatro anos, o ICM é o principal evento de matemática do mundo, que reúne diversas atividades e premiações, incluindo a Medalha Fields  o prêmio mais importante da matemática.

Workshop de Singularidades – O objetivo do Workshop de Singularidades, que já é tradicional, é reunir os principais pesquisadores do mundo que atuam no campo de teoria de singularidades, geometria e aplicações. Realizado a cada dois anos no ICMC, o International Workshop on Real and ComplexSingularities aconteceu pela primeira vez em 1990 e hoje é um evento consolidado internacionalmente entre os pesquisadores da área.

A 15ª edição do workshop será realizada em São Carlos de 15 a 28 de julho. Na primeira semana, de 15 a 21 de julho, ocorrerá a Escola de Teoria da Singularidade, quando serão oferecidos quatro minicursos, proferidos por pesquisadores de renome na área. Já na segunda semana, de 22 a 28 de julho, acontecerá o workshop internacional.

No dia 27, serão celebrados os 60 anos do professor Marcelo Saia e os 70 anos de Maria Aparecida Ruas, ambos do ICMC. O dia também será marcado pela homenagem aos 70 anos de Terence Gaffney, pesquisador da Northeastern University em Boston, Estados Unidos.

A taxa para inscrição no evento para quem reside no Brasil é de R$ 300 (pesquisadores e pós-doutorandos) ou R$ 200 (alunos de graduação, mestrado e doutorado). A programação completa e demais informações podem ser obtidas no site www.worksing.icmc.usp.br. O prazo final para submeter trabalhos é 18 de maio.

Equações diferenciais – Ao contrário do que acontece em outros países, apenas recentemente tem havido, no Brasil, ações para abordar o desequilíbrio de gênero na matemática. Como parte de uma iniciativa que foi implementada com sucesso no exterior, o Workshop forWomen in Differential Equations é direcionado a mulheres pesquisadoras na área de equações diferenciais.

O principal objetivo do workshop é reunir pesquisadoras do Brasil e exterior com contribuições seminais neste campo da matemática, mas todos os pesquisadores e alunos interessados que trabalham em subáreas de equações diferenciais são encorajados a participar. O evento acontecerá em Santo André, de 25 a 27 de julho, e a professora Márcia Federson, do ICMC, faz parte da organização. As inscrições para esse Workshop começam dia 16 de abril e a taxa é de R$ 300 para pesquisadores e R$ 100 para estudantes. O prazo final para se inscrever e submeter trabalhos é 25 de maio.

Já o professor Sérgio Monari, do ICMC, é um dos organizadores da Satellite Conference on Nonlinear Partial Differential Equations, que ocorrerá em Fortaleza, de 23 a 27 de julho. O objetivo do evento é debater os avanços mais recentes na área de equações diferenciais parciais não lineares e promover colaborações entre os pesquisadores.

As inscrições podem ser efetuadas até 2 de junho, tanto para participantes como para quem for submeter trabalhos. A taxa é de R$ 200 para estudantes de graduação ou pós-graduação e R$ 300 para quem pertence a outras categorias.


O ICM – O Congresso Internacional de Matemáticos é o principal evento da matemática em todo o mundo. Esta será a primeira vez que o congresso ocorrerá no Hemisfério Sul, e reunirá professores e pesquisadores das principais instituições do planeta em um único evento. Durante as várias palestras, prêmios e paineis, o ICM abordará um tema especial: como tornar a matemática mais global, mais conhecida e difundida? Por isso, a proposta do evento é semear a matemática.

Texto: Alexandre Wolf - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

quinta-feira, 26 de abril de 2018

Maratona de desenvolvimento de jogos acontece em quatro cidades brasileiras

Jovens de São Carlos, Bauru, Ourinhos e Curitiba serão desafiados a criar um jogo em apenas 48 horas
Iniciativa é do grupo Fellowship of the Game, que é ligado ao ICMC, unidade da USP em São Carlos

Quer colocar a sua criatividade à prova e descobrir como é feito um jogo? Que tal conhecer outros programadores, designers, artistas, sonoplastas, músicos e entusiastas da área em 48 horas de desenvolvimento? Então, não perca a primeira edição da Café Game Jam, uma maratona de desenvolvimento de jogos que acontecerá, entre os dias 4 e 6 de maio, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, e em mais três cidades brasileiras: Bauru, Ourinhos e Curitiba.

O evento é voltado tanto para profissionais e entusiastas que já atuam na área, quanto para quem nunca desenvolveu um jogo antes. O objetivo é disseminar a criação de jogos no país e incentivar o crescimento e fortalecimento da comunidade nacional de desenvolvedores. 

Iniciativa do grupo de extensão Fellowship of the Game (FoG), sediado no ICMC, a Café Game Jam tem algumas premissas comuns para todas as cidades que realizarão a iniciativa: os participantes devem seguir o tema apresentado na abertura do evento; é preciso produzir um jogo sozinho ou em grupo, que pode ser eletrônico ou analógico (como jogos de tabuleiro ou cartas) até o fim das 48 horas de maratona, no fim da tarde do dia 6 de maio (domingo). Recomenda-se que os participantes levem seus próprios equipamentos para participarem da iniciativa, como notebooks ou mesas digitalizadoras. Para participar, basta fazer a inscrição prévia gratuita por meio deste link: icmc.usp.br/e/159b9.

Em São Carlos, os trabalhos do evento começarão às 18 horas de sexta-feira, 4 de maio, no auditório professor Fernão Stella de Rodrigues Germano (bloco 6 do ICMC). No ICMC, o evento será realizado pelo FoG em parceria com o Laboratório de Objetos de Aprendizagem (LOA) e o ONOVOLAB. O grupo LTIA, da UNESP Bauru, o Centro Acadêmico de Jogos e Entretenimento Digital (CAJEDI), da PUC Curitiba, e a Fatec de Ourinhos são os responsáveis pela realização do evento nas demais sedes.

“Participar de uma Game Jam é uma experiência quase obrigatória para todos que desejam desenvolver jogos”, conta Leonardo Pereira, membro do FoG, organizador geral do evento e pós-graduando no ICMC. “Você trabalha com pessoas de diferentes áreas para criar, em tão pouco tempo, algo especial. É um fim de semana cansativo, regado a café, mas recompensador e enriquecedor”, finaliza. 

Texto: Assessoria de Comunicação do ICMC
Com a contribuição de Gabriel Toschi, membro de Relações Públicas do FoG

Mais informações
Página do evento no Facebook: www.facebook.com/events/567153167003359/
Formulário de inscrições: icmc.usp.br/e/159b9
E-mail: fog@icmc.usp.br

Contato para esta pauta
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

Por que fazer pós-graduação em matemática na USP em São Carlos?

Programa é reconhecido em todo o país e está com inscrições abertas para mestrado e doutorado

Instituto oferece a única pós-graduação em matemática que é reconhecida com
nota máxima pela Capes e não fica em uma cidade grande

Um ambiente excitante para discutir e aprender matemática. É assim que o professor Daniel Smania define o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Há muitos motivos que fizeram o local se tornar um polo que atrai talentos de todo o país. Entre eles está o fato de que o Programa de Pós-Graduação em Matemática (PPG-Mat) do Instituto é um dos melhores da área no país, sendo reconhecido com nota máxima (7)  pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

“Como atraímos muitos estudantes talentosos, as turmas estão entre as maiores dos programas na área, o que cria esse ambiente excitante. A tradição e qualidade do programa abre, ainda, oportunidades para bolsas, financiamentos, parcerias e intercâmbios, o que contribui para a formação de nossos alunos”, explica Smania, que coordena PPG-Mat.

O fato de ser a única pós-graduação em matemática de nota máxima que não fica em uma cidade grande também é benéfico para os estudantes, segundo o professor: “a cidade de São Carlos é prática e hospitaleira, com mais de vinte mil jovens estudando em universidades públicas, vindos de todo o país. É uma experiência única”. Há outras vantagens, completa Smania: “O custo de vida é menor do que nas grandes cidades, então, as bolsas podem ser melhor aproveitadas. E o campus pequeno e convidativo ajuda muito na integração dos alunos”.

Inscrições abertas - Quem deseja ingressar no PPG-Mat tem até dia 31 de maio para efetuar as inscrições no mestrado ou no doutorado. Para se inscrever, basta acessar o sistema da pós-graduação do Instituto. As aulas terão início em agosto. O programa também possui doutorado direto, em que as inscrições são em fluxo contínuo, ou seja, podem ser realizadas durante todo o ano.

Entre os critérios de avaliação para o ingresso no mestrado, além da formação acadêmica e currículo, está a maior nota do candidato no Programa de Verão do ICMC ou na Prova Extramuros. Os participantes podem escolher linhas de pesquisa em todas as grandes áreas da matemática: álgebra; análise; geometria e topologia. “Eles podem entrar no Programa sem ter uma área definida, e escolher depois de alguns meses. Nossa lista de orientadores é longa e diversificada, não apenas em áreas de pesquisa. Quase um quarto de nossos orientadores são mulheres, um percentual alto quando comparado à maioria dos programas da área com nota máxima”, afirma Smania.

O Programa oferece 20 vagas para quem deseja ingressar no mestrado e 20 para aqueles que optarem pelo doutorado. Para obter mais detalhes sobre o processo de inscrição e os critérios de seleção, confira os editais disponíveis no site do programa: icmc.usp.br/e/b7da5.

Texto: Alexandre Wolf - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações
Edital do mestrado: icmc.usp.br/e/fa4aa
Edital do doutorado: icmc.usp.br/e/0132b
Serviço de Pós-Graduação do ICMC: (16) 3373.9638
E-mail: posgrad@icmc.usp.br

quarta-feira, 25 de abril de 2018

De Macapá a Porto Alegre: a diversidade da ciência disponível no bar mais próximo

A vastidão e o impacto das pesquisas realizadas no Brasil estarão ao seu alcance durante três dias, em 56 cidades, nos 500 bate-papos científicos que compõem o Pint of Science

A cidade de São Paulo concentra o maior número de bate-papos: 63 no total

Na noite de 14 de maio, a partir das 19h30, enquanto a população de Goiânia (GO) poderá sentar em um bar para descobrir o que é um ser humano, quem estiver em Uberlândia (MG) poderá entender que dor, venenos e bruxas têm tudo a ver com ciência. É neste dia que começa o festival Pint of Science, um dos maiores eventos de divulgação científica do mundo. 

No Brasil, o evento levará cientistas para conversar com o público, de forma descontraída, em bares e restaurantes de 56 cidades, animando as noites de 14, 15 e 16 de maio com informação, revelações e debates sobre pesquisas nas mais diversas áreas do conhecimento. Para conferir a programação na cidade mais próxima, acesse o site do festival: www.pintofscience.com.br

Para ter uma ideia da vastidão territorial e científica do evento, pense que, na noite de 15 de maio, na mesma hora que os moradores de Santo Antônio de Jesus (BA) estiverem descobrindo o que acontece com nossa memória quando envelhecemos, os participantes do Pint of Science em São José do Rio Preto (SP) terão a oportunidade de conhecer truques de “matemágica” e entender o que faz quem estuda astrobiologia. 

Já na noite de 16 de maio, será a vez dos moradores de Macapá (AP) se divertirem com o projeto Físicos da Alegria, que leva a ciência para pacientes do Hospital da Criança e do Adolescente da cidade. Na mesma noite, em Florianópolis (SC), será revelado o que bactérias em um vulcão na Antártica podem nos dizer sobre a busca de vida fora da Terra. 

É nessa noite que, em Recife (PE), a bióloga Natália Lima Oliveira falará sobre o uso de biossensores em investigações. “A ciência contribui fortemente com a polícia a partir do momento em que, utilizando-se de conceitos e demonstrações simples, pode revelar o acontecimento de um crime, o modo como ocorreu e quem foi o responsável”, argumenta a pesquisadora. Esse lado “CSI” da ciência – o termo vem da série Crime Scene Investigation – também será tema de bate-papos em Belo Horizonte, Brasília, Campinas e Santos

Sobre macacos e febre amarela – O festival terá ainda diversos bate-papos sobre fake news, vacinas e febre amarela. “É importante falar da febre amarela em um evento como o Pint of Science porque as pessoas têm muitas dúvidas e ainda vêem o macaco como vilão”, diz a pesquisadora Leticia Jedlicka, que conduzirá a conversa Febre amarela: e o macaco com isso?, em Marabá (PA)

A febre amarela e as demais infecções que invadiram e assustam o país (e aquelas que ninguém dá a devida atenção) também serão tratadas pela jornalista especializada em saúde e ciência Ruth Helena Bellinghini, em São Paulo (SP). Em reportagem publicada em fevereiro, a jornalista reuniu as principais dúvidas do público a respeito da vacina da febre amarela, via redes sociais e, a partir de pesquisas e entrevistas com profissionais de saúde, respondeu uma a uma. Os paulistanos são os que terão mais bate-papos à disposição: 63 no total.

Outro tema de destaque na programação é a participação feminina na ciência. “Esse tema precisa ser tratado de forma científica”, diz Natalia Pasternak, coordenadora nacional do Pint of Science. Segundo ela, faltam pesquisas sobre esse assunto no Brasil e, por isso, a questão da igualdade de gênero tem sido discutida com base apenas em opiniões e não em evidências científicas.

Outros assuntos a serem discutidos nos bares são: o uso de animais nas pesquisas (50 tons de ética: o uso de animais na ciência), o desastre de Mariana (Quando o Rio Virou Lama: o maior desastre ambiental brasileiro aos olhos da ciência), as criptomoedas (Posso ficar rico com criptomoedas?) e os enigmas (A maneira mais difícil de ganhar um milhão de dólares!). Haverá, ainda, conversas sobre música, cerveja e muito mais. 

A entrada é gratuita – paga-se apenas o que for consumido nos estabelecimentos – e não há necessidade de inscrição. Também não são emitidos certificados de participação. Todos os bate-papos começam às 19h30 (horário local), mas recomenda-se chegar mais cedo, já que não há reserva de lugar. Com certeza, você vai se impressionar com a ciência que é feita no Brasil ao bater um papo com um dos pesquisadores que estarão à sua disposição nesses 500 bate-papos. 

A primeira edição do festival no Brasil aconteceu em São Carlos, no interior de São Paulo, em 2015 


Confira imagens de divulgação do evento no Flickr: icmc.usp.br/e/1bf73

Texto: Denise Casatti e Stefhanie Piovezan 

Contato para a imprensa
Assessoria de comunicação nacional do Pint of Science: (16) 3373-9666 (ICMC/USP) 

Jornalistas responsáveis: 
- Denise Casatti: (11) 9-9125-9459 
- Stefhanie Piovezan: (11) 9-5206-2638

E se todos nós fôssemos cientistas de dados?


Construir um mundo em que toda a humanidade possa acessar as ferramentas da inteligência artificial é um desafio que mobiliza diversas pesquisadores da área de computação; uma escola sobre ciências de dados será realizada na USP, em São Carlos, especialmente para preparar os estudantes para construírem o futuro da inteligência artificial de forma democrática e inclusiva

Capacitar estudantes para o futuro da inteligência artificial é um dos objetivos da Escola de Aprendizado de Máquina Automático em Ciência de Dados, que acontecerá dias 15 e 16 de maio no ICMC

Cada vez que você vai a um posto médico, faz um curso online, escolhe um produto em uma loja virtual ou leva lixo para reciclar, sem perceber, está gerando uma grande quantidade de dados. Será que se pudesse reunir todos esses dados em uma plataforma computacional e, automaticamente, extrair conhecimentos úteis, você poderia gerar mais impactos positivos no mundo?

Esse exemplo ajuda a vislumbrar o potencial transformador oferecido pelo amplo acesso às ferramentas da inteligência artificial. Hoje, uma parte da humanidade consegue acessar conjuntos de dados e, por meio do aprendizado de máquina, pode processar e analisar esses dados, extraindo conhecimentos valiosos que resultarão, desde a elaboração de novos modelos para tornar as cidades mais inteligentes até a ampliação de resultados financeiros e o apoio a diagnósticos médicos, entre outras infinitas aplicações. 

A questão é que, atualmente, o acesso às ferramentas que possibilitam extrair conhecimentos de grandes conjuntos de dados (Big Data) está restrito a um grupo de pessoas, os engenheiros e cientistas de computação que atuam no campo da ciência de dados. São profissionais disputados no mercado por empresas e instituições de pesquisa, tão raros e caros quanto metais preciosos. Se hoje já está difícil capacitar esses profissionais no ritmo adequado para atender às demandas existentes, imagine no futuro próximo, em que mais e mais dados estarão disponíveis. Corremos o risco de perder a chance de obter informações valiosas e de enriquecer a humanidade com aplicações que nos fariam viver mais e melhor. 

É claro que pode soar bastante utópica, à primeira vista, a ideia de ampliar o acesso às ferramentas da inteligência artificial e possibilitar que uma parcela muito maior da humanidade se torne cientista de dados. O fato é que há pesquisadores, em todo o planeta, buscando construir essa utopia. 

Ensinando uma máquina a aprender – Para ensinar uma máquina a extrair conhecimento útil a partir de um conjunto de dados, é preciso realizar três etapas fundamentais. A primeira é o pré-processamento dos dados: é o momento de limpar, normalizar e selecionar os dados, descartando, por exemplo, tudo o que não é relevante. Lembre-se de que os dados podem ser obtidos de diferentes fontes, em diversos formatos como textos, imagens, vídeos e até da mistura desses vários tipos. Depois, vem a etapa da modelagem, que é quando se deve escolher o método (algoritmo) e os parâmetros mais adequados para ensinar o computador a analisar os dados selecionados. São os modelos criados nessa fase que possibilitam extrair padrões e características dos dados, a fim de agrupá-los, classificá-los ou realizar previsões, entre outras possibilidades. Por último, está a fase de pós-processamento, em que o modelo criado é avaliado, após a realização de testes, e o usuário pode julgar os resultados gerados pelo sistema e sugerir alterações a fim de aprimorá-lo. 

Com essa descrição sobre as três etapas que compõe um sistema de aprendizado de máquina, você percebe o trabalho que dá ensinar os computadores a extraírem conhecimento dos dados. São inúmeras decisões que devem ser tomadas ao longo do processo: desde julgar quais dados são relevantes até verificar qual algoritmo deve ser usado para otimizar os resultados com o menor custo computacional possível. Além disso, a partir dessas escolhas, é preciso, ainda, fazer testes e validações experimentais. 

Imagine, então, o trabalhão que esses profissionais têm hoje porque precisam desenvolver cada uma dessas três etapas toda vez que são chamados para analisar um conjunto de dados. Eles têm que construir uma ferramenta de aprendizado de máquina para a pessoa que quer otimizar o uso dos recursos da casa, uma outra para o médico que quer agilizar a análise de mamografias, e uma outra para o padeiro que quer potencializar os ganhos de seu negócios, etc. e tal. Não tem como eles darem conta de criar tanta ferramenta, concorda? 

Otimizando o ensino das máquinas – É por isso que está se tornando um passo evolutivo fundamental da área de computação a criação de sistemas de auto-aprendizado de máquina ou aprendizado de máquina automatizado (em inglês, o termo empregado é automated machine learning, ou simplesmente AutoML). Provavelmente, é a primeira vez que você está lendo esses termos, mas é quase certo que os reencontrará muitas vezes, talvez tantas quanto hoje você se depara com palavras como internet e smartphone

Segundo o professor André de Carvalho, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, essa nova área de AutoML é destinada à pesquisa e ao desenvolvimento de sistemas capazes de realizar automaticamente aquelas três etapas fundamentais do aprendizado de máquina. Isso possibilitaria, em suma, otimizar a extração de conhecimento útil a partir de quaisquer dados. 

Conforme explica André, por meio do AutoML, os cientistas de dados não precisarão mais desenvolver uma ferramenta para cada tipo de aplicação e deixarão de executar tarefas repetitivas e demoradas, podendo alocar o tempo em atividades mais difíceis e prioritárias, como analisar novas soluções para um problema e criar novas técnicas computacionais (como algoritmos mais eficientes, por exemplo).  “O objetivo do AutoML é apoiar os cientistas de dados em seu trabalho, não substituí-los”, explica o professor, que está empenhado em preparar estudantes de graduação e de pós-graduação para construírem esse futuro da inteligência artificial. 

Ele é o coordenador da Escola de Aprendizado de Máquina Automático em Ciência de Dados, que será realizada nos dias 15 e 16 de maio no ICMC. Quem se inscrever no evento até 30 de abril terá um desconto no valor da taxa de inscrição. A Escola tem o apoio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria e do Centro de Pesquisa de Aprendizado de Máquina em Análise de Dados. Para se inscrever, basta acessar o site www.cemeai.icmc.usp.br/AutoMLSchool

Para André, o AutoML contribuirá para otimizar o trabalho de um cientista de dados
(crédito: Assessoria de Comunicação do CeMEAI)
Um "pajé" pra chamar de seu – Investir no ensino das novas gerações é apenas uma das facetas de atuação do professor André. Ele coordena um grupo de pesquisadores da USP que está focado na busca por construir uma plataforma aberta e livre de AutoML que já tem até nome: Pajé. Empregada para designar quem se destaca em uma tribo indígena por ter poderes ocultos ou capacidade de orientar espiritualmente a comunidade, a palavra "pajé" foi transposta propositadamente para o contexto nada primitivo da inteligência artificial. Tal como um “curandeiro”, a plataforma de AutoML Pajé vislumbrada por André consegue identificar o que está escondido no plano terreno dos dados. 

A expectativa do professor é de que uma versão inicial da plataforma seja colocada à disposição da população em meados de agosto. Assim, qualquer pessoa – tal como você com os dados do que consome em sua casa e do quanto investe em educação, saúde e transporte – poderá usar o Pajé: ao inserir os dados brutos, o “curandeiro” fará recomendações sobre como fazer o pré-processamento e a modelagem. “A ideia é que qualquer pessoa possa usar essa ferramenta, quer seja o dono de um bar, de um consultório médico, de um hospital, de uma organização não-governamental ou um funcionário do poder público”, completa. 

André dá um exemplo para ilustrar as aplicações do Pajé a partir dos dados que temos à disposição nas Unidades Básicas de Saúde brasileiras. É viável criar um modelo de previsão que seja capaz de recomendar ao médico qual o tipo de parto mais indicado para as mulheres que hoje estão realizando pré-natal por meio da análise dos dados clínicos prévios daquelas que efetuaram o mesmo acompanhamento nessas unidades e dos dados referentes aos tipos de parto realizados. “Note que o Pajé apenas recomenda o procedimento, de acordo com os dados previamente existentes na plataforma. Quem tomará a decisão é o médico”, ressalta André. 

Apesar de ainda existir um longo caminho de pesquisa e desenvolvimento para ampliar o acesso às ferramentas da inteligência artificial, o professor conta que várias empresas, como Google, Facebook e Microsoft, estão contribuindo para a construção dessa estrada. Quem quiser se aventurar por esse mundo ainda inexplorado, pode fazer uma experiência com os “pajés” disponibilizados em plataformas como Google Cloud AutoML, Serviço Personalizado de Visão da Microsoft e por startups como a DataRobot

Na grande tribo conectada do século 21, os próximos passos vão além de fazer o aprendizado de máquina se tornar automático. A ideia é ensinar as próprias máquinas a aprenderem a aprender (meta-aprendizado de máquina). Ou seja, ao executarem milhares de vezes as três etapas de aprendizado de máquina, os equipamentos podem ser ensinados a aprimorar as próprias técnicas utilizadas e passar esse conhecimento adiante para outras máquinas. 

Em novembro do ano passado, o Google anunciou o primeiro “bebê” criado nesse contexto: a NASNet. Capaz de identificar imagens com um aproveitamento melhor do que os modelos desenvolvidos por seres humanos, com acerto de cerca de 82%, a NASNet mostra que, em um futuro próximo, vamos assistir ao surgimento de muitos “pajés” e também de muitas ovelhas Dolly cibernéticas. 

Imagem exemplifica os resultados obtidos pela NASNet na detecção automática de objetos
(crédito: Google Research Blog)

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC 


Mais informações
Escola de Aprendizado de Máquina Automático em Ciência de Dados: www.cemeai.icmc.usp.br/AutoMLSchool
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666 

quinta-feira, 19 de abril de 2018

Estudantes criam operadora digital de telefonia e representarão Brasil em competição nos EUA

Alunos de três universidades se reuniram para desenvolver a Fluke, startup que traz como prioridade o relacionamento com o cliente; Empresa deve começar a operar no Brasil em 2019

Yuki, Marcos e Matheus (da esquerda para a direita) estudam na USP, em São Carlos, e ajudaram a criar a Fluke

E se sua operadora de celular deixasse de ser um problema? Foi essa a pergunta que motivou um grupo de seis estudantes universitários a criar a Fluke, empresa digital de telefonia móvel que pretende facilitar a vida dos clientes. Desenvolvida por alunos da USP, em São Carlos e São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Universidade Paulista (Unip), a nova operadora virtual representará o Brasil, nos dias 10 e 11 de maio, na International Business Model Competition (IBMC), competição que premia o melhor modelo de negócio universitário do mundo.

“Nosso cliente poderá contratar serviços da forma mais personalizada possível. Ele vai escolher o pacote que desejar, sem passar por intermediários, e não será obrigado a comprar planos extras que não utilizaria como forma de obter descontos em seu produto de interesse. Os valores de cada serviço ainda estão sendo estipulados”, explica Marcos de Oliveira Junior, aluno do curso de Engenharia de Produção da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP e um dos idealizadores da startup fundada em junho do ano passado.

O processo para contratação de serviços da Fluke será rápido, transparente e intuitivo, bastando apenas o interessado acessar o aplicativo da empresa e selecionar o que deseja. Dentro do app, será possível trocar de plano, alterar os dados pessoais, acompanhar o consumo em tempo real, contratar o acesso a redes sociais, minutos de ligações, SMS, internet, além de solicitar ajuda pelo chat ou diretamente pelo telefone. A melhor notícia é que tudo isso poderá ser solicitado sem precisar se aborrecer com músicas intermináveis durante as chamadas e desgastantes transferências de ligação entre os atendentes de telemarketing.

Priorizar o bom relacionamento com os clientes é uma das principais vantagens das operadoras digitais de telefonia. Diferentemente das empresas físicas, as virtuais não precisam se preocupar, por exemplo, com responsabilidades como suporte técnico e infraestrutura de rede, já que alugam a mesma plataforma utilizada por uma operadora convencional.

Além de se beneficiarem financeiramente, as companhias tradicionais ainda podem reduzir a ociosidade de suas redes, pois muitas delas não operam em sua capacidade máxima. Assim, essas operadoras terão os mesmos gastos mensais, mas com uma receita maior. Os planos de ligação, internet, SMS e demais serviços serão comprados das empresas físicas pela Fluke em uma espécie de “atacado” e, posteriormente, disponibilizados ao consumidor final. Pensando no custo mensal para a manutenção da startup universitária, também deve ser contabilizado, além do aluguel pago às operadoras convencionais, os gastos com contratação e manutenção de softwares e os custos com os setores jurídico e de marketing.

Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), o Brasil possui mais de 235 milhões de linhas móveis ativas, o que torna o país o 5º maior mercado do mundo na área. As operadoras Vivo, Claro, TIM e Oi contemplam mais de 98% das escolhas dos clientes e a falta de alternativas a essas quatro opções, muitas vezes, faz com que o usuário sinta-se refém dessas empresas.

“As grandes operadoras de telefonia possuem uma base enorme de clientes, tornando o mercado oligopolizado. Porém, muitos consumidores contestam a qualidade dos serviços prestados e, frequentemente, as reclamações desencadeiam problemas jurídicos às empresas. Foi por isso que escolhemos o caminho das operadoras virtuais, pois assim conseguimos focar em uma relação de excelência com os clientes”, afirma Yuki Watanabe, aluno do curso de Engenharia Elétrica – Ênfase em eletrônica da EESC.

Tratando-se apenas de chips móveis pré-pagos, o número de clientes que trocam de operadora por ano gira em torno de 60 milhões. “Falta transparência às operadoras. Algumas pessoas mal sabem o valor exato que irá pagar na fatura do mês seguinte ou se o serviço está realmente sendo entregue, por exemplo. Para piorar, a comunicação com as empresas físicas é difícil e muitos clientes até deixam de mudar de operadora por pensar que na concorrente o serviço também será ruim”, explica Matheus Uema, aluno do curso de Engenharia de Computação, oferecido pela EESC em parceria com o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), também da USP em São Carlos.

Durante a graduação, os jovens estudaram algumas disciplinas que contribuíram na elaboração da startup. Oficinas de inovação e matérias sobre empreendedorismo universitário fizeram parte da grade dos alunos. “Durante as disciplinas, eu tive a oportunidade de assistir a palestras com referências na área, além de participar de dinâmicas em grupo com alunos de todos os campi da USP sobre o mercado empreendedor”, conta Marcos.

O foco da Fluke é o público jovem, e a escolha por São Carlos para desenvolver o projeto foi estratégica: “É uma população mais adepta a inovações digitais e que está inserida no campo da tecnologia. Muitos estudantes se mudam para São Carlos a fim de estudar e acabam trocando de operadora para falar com os pais. Pode ser um momento oportuno para nós”, diz Yuki.

Na Fluke, será possível contratar planos personalizados

Reconhecimento – A ideia empreendedora dos jovens já trouxe grandes resultados, tanto que a Fluke venceu a seletiva nacional da International Business Model Competitions (IBMC) 2018. Agora, eles serão os responsáveis por representar o Brasil na etapa mundial da competição que contará com outros 39 países e será realizada na cidade de Provo, em Utah, nos Estados Unidos. O evento é organizado pela Universidade Brigham Young.

Só que para viajarem ao país norte-americano os jovens estão realizando uma campanha de financiamento coletivo na internet. Quem puder contribuir pode acessar o seguinte link. Os estudantes precisam de pouco mais de R$ 30 mil para arcar com todos os gastos da viagem, e as contribuições podem ser feitas online até o dia 24 de abril. No momento, os integrantes da Fluke já estão negociando com algumas operadoras e em busca de investidores para a empresa. A previsão é de que a startup de São Carlos comece a operar em 2019.

Além de Marcos, Yuki e Matheus, também fazem parte da equipe Vinícius Ito, estudante do curso de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da USP, Leonardo Santos, aluno de administração da FGV e Augusto Pinheiro, que estuda Ciências de Computação na Unip.

Texto e fotos: Henrique Fontes – Assessoria de Comunicação do SEL

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Assessoria de Comunicação do SEL
Telefone: (16) 3373-8740
E-mail: comunica.sel@usp.br

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Engenheiro de computação: ser ou não ser?

Enquanto uma crise de identidade parece atormentar alguns alunos que estão cursando engenharia de computação, setores do mercado já começam a valorizar a formação híbrida desses profissionais


O que faz um engenheiro de computação? Onde esse profissional pode atuar? É muito provável que, se você fizer essas perguntas para um grupo de pessoas, a maioria não saberá responder com clareza. Nem mesmo vestibulandos e calouros do próprio curso conseguem explicar objetivamente. Mas a culpa não é deles, afinal, as graduações em engenharia de computação são bastante recentes.

“Todo mundo sabe o que faz um engenheiro civil, eletricista ou mecânico. Já o engenheiro de computação, são poucos que conhecem”, afirma o professor Fernando Osório, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Segundo ele, o mesmo acontece quando a comparação é feita dentro da computação: “quando os primeiros cursos de engenharia de computação surgiram, na segunda metade da década de 1990, outros como Ciências da Computação, Tecnologia da Informação e Sistemas de Informação já estavam muito bem estabelecidos”.

O professor Osório já coordenou o curso de Engenharia de Computação da USP em São Carlos
(crédito da imagem: Denise Casatti)
E isso se torna um problema quando os alunos passam os primeiros anos da graduação sem entender onde irão atuar. Foi assim que, há alguns anos, surgiu uma crise de identidade nos estudantes, principalmente naqueles que estavam na metade do curso. “Nós fomos percebendo que não conhecíamos nossa identidade. Só começamos a entender o que era a engenharia de computação depois do terceiro ou quarto ano, e nesse caminho muita gente desistiu”, explica Tiago Daneluzzi, que está no quinto ano do curso no ICMC. Mas diversas iniciativas estão sendo tomadas, tanto por alunos como pelos professores, para divulgar a importância do engenheiro de computação e seu papel na sociedade.

Um profissional que integra duas áreas - Pense na tecnologia ao nosso redor. Nosso celular, o computador de bordo do carro, o decodificador de TV a cabo e até mesmo o controle remoto do ar-condicionado. Vá mais longe e pense nos paineis de um avião, um carro autônomo ou um sistema de irrigação. Praticamente todos os dispositivos que utilizamos são computadores que estão cada vez mais complexos. A expressão-chave nesse assunto é “sistemas embarcados”, que são aparelhos que possuem características eletrônicas próprias, e estão integrados em termos de computação e elétrica.

O CARINA é um carro autônomo desenvolvido pelo Laboratório de Robótica Móvel do ICMC.
A integração entre carro, lasers e radares é competência de um engenheiro de computação
(crédito da imagem: Reinaldo Mizutani)

A engenharia de computação surgiu da união entre essas duas áreas. Mas, na verdade, ela sempre esteve presente. “Como os sistemas não eram tão sofisticados, você ‘desviava o profissional’. Era possível fazer com que um engenheiro eletricista ou cientista da computação se especializasse na área oposta”, afirma o professor Osório. Por isso, a partir do momento que as universidades perceberam uma integração cada vez mais complexa, os cursos começaram a surgir e crescer.

Por causa dessa integração, o engenheiro de computação se torna único, capaz de lidar com problemas de um setor específico. “Esse profissional coloca a mão na massa, entende tanto do hardware como do software. Ele tem um potencial diferenciado e vai além dos profissionais isolados”, explica a professora Kalinka Castelo Branco, vice-coordenadora do curso, que é oferecido em parceria do ICMC com a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC).

A professora Kalinka falou sobre a formação diferenciada do engenheiro de computação durante a palestra de abertura da Semana de Engenharia de Computação
(crédito da imagem: Denise Casatti)

Estudantes que se perderam em duas áreas - A dúvida dos estudantes sobre onde eles podem trabalhar surge, em parte, por causa dessa integração das áreas e pela pouca idade do curso. De acordo com Kalinka, há algum tempo, as vagas eram para engenharia elétrica ou ciências da computação, então os alunos se sentiam perdidos e, muitas vezes, precisavam se engajar nessas áreas. Mas, segundo ela, nunca houve escassez de vagas: “nossos alunos de engenharia de computação são altamente procurados, nunca tivemos problema de empregabilidade”.

O professor Osório também diz que existe um problema no mercado, devido à falta de conhecimento do curso: “dependendo do ramo, as empresas não sabem que precisam desse profissional. Um banco, por exemplo, contrata qualquer engenheiro, mas não se atenta ao de computação”.

Os alunos também possuem dificuldade em enxergar a singularidade do engenheiro de computação. “Fora da faculdade não existe problema de identidade ou emprego, mas isso só ficou claro para mim no ano passado”, afirma Tiago. Segundo ele, para os estudantes, é como se uma parte do curso fosse engenharia elétrica e, a outra, ciências da computação, com poucas disciplinas integrando as duas, e que aparecem apenas na segunda metade da graduação. Como resultado, mais da metade de sua turma pediu transferência para uma das duas áreas.

Uma identidade em formação – Apesar dos problemas, alunos e professores são otimistas: a crise de identidade está diminuindo, e essas dúvidas, cada vez mais, estão ficando para trás. Isso faz parte de um esforço coletivo para mostrar aos estudantes que a engenharia de computação é uma área singular, com alta empregabilidade e uma atuação específica no mercado.

Uma das medidas foi a criação da Semana de Engenharia de Computação (SEnC), que teve sua primeira edição realizada em setembro de 2017. A iniciativa surgiu dos alunos, que, até então, eram divididos nas semanas acadêmicas de ciências da computação e de engenharia elétrica. “Nós sentimos a necessidade de ter uma semana nossa, justamente porque somos de uma área específica. A adesão dos alunos de engenharia de computação nas outras semanas sempre foi muito baixa”, afirma Tiago, que coordenou a primeira SEnC. A comissão que organizou a semana teve 18 alunos.

Tiago (ao centro em pé) e a equipe que organizou a SenC
(crédito da imagem: arquivo pessoal)

“Essa semana ajuda a mostrar que eles têm uma atuação diferenciada. É importante passar a mensagem que eles agregam conhecimentos das outras áreas de uma maneira única”, explica Kalinka, que foi responsável pela palestra de abertura da SEnC, justamente com o tema “a identidade do engenheiro de computação”. De acordo com ela, o ICMC e a EESC também estão tomando medidas para desenvolver essa identidade cada vez mais. Entre elas, levar todas as aulas para o campus 2 e a criação do Espaço EngComp.

Inaugurado no ano passado, esse espaço possui um ambiente colaborativo, para estimular a inovação dos estudantes. São oito laboratórios especializados, entre eles um espaço maker, com impressoras 3D, placas de circuito e toda a infraestrutura necessária para desenvolver um projeto de eletrônica e computação.

Para Tiago, o trabalho atual deve ser mantido. Segundo ele, os Institutos, em parceria com a Secretaria Acadêmica do curso, estão aprimorando a grade curricular para deixar a graduação mais atrativa. “Também temos iniciativas extracurriculares, que são muito importantes porque dão mais clareza do que podemos fazer depois de formados”, ele explica. Entre esses projetos, estão o Warthog Robotics, grupo de pesquisa e extensão do campus sobre robótica móvel aplicada, que também participa de competições de futebol de robôs; o Ganesh, grupo de extensão sobre segurança digital; e o ADA, de projetos em engenharia de computação. “Essa crise de identidade foi muito forte até pouco tempo, com muitos problemas de desistência. Hoje, estamos cada vez mais próximos da realidade do mercado de trabalho, e não é preciso avançar tanto no curso para se encontrar. O problema deve sumir em breve”, conclui o estudante.

“A tendência é que os engenheiros de computação sejam cada vez mais requisitados pelo mercado, porque a área está diretamente ligada ao futuro da tecnologia”, afirma Osório. A crise de identidade dos engenheiros de computação pode estar acabando, mas sua importância para a sociedade está crescendo cada vez mais. E não deve parar tão cedo.

Texto: Alexandre Wolf - Assessoria de Comunicação do ICMC/USP

Mais informações
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666
E-mail: comunica@icmc.usp.br

terça-feira, 17 de abril de 2018

Curso gratuito sobre desenvolvimento de jogos acontece no ICMC no próximo sábado

Iniciativa apresentará as principais funcionalidades do Unity 3D, ferramenta de criação de games


O Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos, está com inscrições abertas para o curso gratuito Introdução ao Desenvolvimento de Jogos com Unity3D. O objetivo da iniciativa é apresentar aos estudantes os componentes de um jogo eletrônico, mostrando os princípios básicos de programação por meio do uso de uma das ferramentas mais conhecidas e utilizadas para essa finalidade: o Unity3D.

Voltado a todos os interessados, com qualquer tipo de formação, o curso acontecerá no próximo sábado, 21 de abril, das 14 às 18 horas. Há 50 vagas disponíveis e as inscrições podem ser realizadas até quinta-feira, dia 19, ou enquanto houver vagas. Para participar, é preciso acessar o Sistema Apolo da USP neste link: icmc.usp.br/e/42503. Solicita-se aos participantes que tragam notebook, com o software Unity já instalado. Para conferir a programação completa do curso, acesse este link: icmc.usp.br/e/8aeb0.

Sob coordenação do professor Cláudio Toledo, a atividade é uma iniciativa do grupo de extensão Fellowship of the Game (FoG). O curso será ministrado por Gabriel Nascimento e Fabrício Faria, alunos de Ciências de Computação do ICMC e membros do FoG com vasta experiência no uso de diversas ferramentas de desenvolvimento de jogos.

Texto: Denise Casatti - Assessoria de Comunicação ICMC/USP 

Introdução ao Desenvolvimento de Jogos com Unity3D
Inscrições: até 19 de abril ou enquanto houver vagas por meio do link: icmc.usp.br/e/42503.
Quando: 21 de abril, sábado, das 14 às 18 horas 
Local: sala 4-001, no bloco 4 do ICMC. O endereço é avenida Trabalhador são-carlense, 400, na área I do campus da USP em São Carlos. 
Mais informações: (16) 3373.9146 ou ccex@icmc.usp.br

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Ancestrais da inteligência artificial: rastros de uma história que está em construção

Se você pensa que as aplicações de inteligência artificial são uma novidade, vale a pena conferir os vestígios que encontramos no século passado; evento que acontecerá na USP, em São Carlos, ajudará a compreender as origens remotas desse campo do conhecimento, entender algumas oportunidades atuais e planejar o futuro 

Poucos sabem que, nessa imagem, há um exemplo de aplicação de inteligência artificial

Pense que você está sem conexão com a internet – o que é bastante raro atualmente, mas faça um esforço imaginativo. Justo nesse dia, você precisa urgentemente redigir um texto em português. Então, liga o computador e acessa um dos mais famosos editores de texto da atualidade: o Word, da Microsoft. Começa a digitar e escreve “inteligencia” artificial. Imediatamente, a palavra aparece grifada e, ao clicar sobre ela, vê uma recomendação para colocar um acento circunflexo na segunda vogal “e”. 

Pois bem, você acaba de experimentar, na prática, uma aplicação de inteligência artificial sem sequer estar conectado à rede mundial de computadores ou usando as últimas tecnologias. Poucos sabem que esse simples e prosaico exemplo tem origem no interior do Estado de São Paulo, na cidade de São Carlos. Conhecida como capital da tecnologia, o município é berço dos recursos linguístico-computacionais que fomentaram o desenvolvimento de revisores ortográficos e gramaticais para o português. Suas origens remontam a um projeto realizado por pesquisadores do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP sob demanda de uma grande empresa de tecnologia brasileira já extinta, a Itautec, ainda nos primeiros anos da longínqua década de 1990. 

Os direitos de uso e comercialização da ferramenta de revisão automática foram adquiridos posteriormente pela Microsoft e adicionados ao Word. Naquele tempo, o que a Itautec queria era oferecer aos clientes o inovador revisor ortográfico e gramatical para o português por meio de disquetes, um disco de armazenamento magnético fino e flexível que hoje é uma espécie de artefato pré-histórico (quem ainda lembra disso?), mas que fez um tremendo sucesso de meados de 1970 até o começo dos anos 2000.

Você se lembra dos disquetes? Eles também eram chamados de floppy disk

Uma língua para as máquinas – Estudar os primórdios do revisor automático do Word lança luz sobre as origens do campo da inteligência artificial. Muitos pensam que a área é fruto do desenvolvimento científico e tecnológico recente, já que esse assunto tem alcançado destaque na grande mídia. No entanto, essa concepção é tão equivocada que pode ser comparada às famosas fake news que rondam por aí, para usar uma palavra da moda amplamente empregada para designar outro fenômeno que, apesar de ter algumas características novas, existe a muito mais tempo do que você pode imaginar. 

É claro que há diversos recursos e aplicações de inteligência artificial que só foram criados mais recentemente, tendo em vista que os conhecimentos produzidos nesse campo se ampliaram de forma bastante veloz nas últimas décadas. Mas a professora Graça Nunes, do ICMC, explica que o processamento da língua dos humanos foi um dos primeiros terrenos explorados pelos cientistas da computação para além dos horizontes dos cálculos matemáticos: “A inteligência artificial surge para estudar os sistemas que, de alguma forma, não envolvem só os cálculos numéricos, mas abarcam algum tipo de inteligência, considerando a forma como compreendemos o que é a inteligência humana. Por ser uma tarefa típica dos seres humanos, o processar a linguagem pertence também ao campo da inteligência artificial”. 

Já o professor Thiago Pardo, do ICMC, assim define a linguística computacional: “Quando falamos em processamento da linguagem natural, estamos preocupados em habilitar a máquina, o computador, a lidar com a língua humana, tanto no que se refere ao entendimento quanto à produção. São dois lados da mesma moeda: a interpretação e a geração de textos escritos e falados em diferentes línguas. Isso abrange um leque de tarefas, tais como revisão ortográfica e gramatical, compreensão, tradução e sumarização, por exemplo”. 

O tipo de conhecimento presente no revisor do Word é também utilizado por mais de um bilhão de pessoas quando acessam a ferramenta de correção automática presente no aplicativo WhatsApp. Outro exemplo de como o processamento de linguagem natural está presente no nosso dia a dia é a Siri, um assistente virtual comandado por voz de propriedade da Apple, presente nos iPhones e iPads. Segundo a empresa, quanto mais você usa a Siri, mais ela sabe do que você precisa e quando precisa. Os mesmos princípios de computação presentes na Siri podem ser encontrados em ferramentas como o Google Tradutor e nos chatbots, que são aplicações conversacionais já utilizadas por diversas empresas para atender automaticamente os clientes.

Thiago Pardo (à esquerda) e Graça Nunes na defesa de mestrado de Henrico Brum (ao centro):
pesquisa sobre expansão de recursos para análise de sentimentos é um exemplo de estudo em linguística computacional

Um jovem experiente – Aquele projeto proposto pela Itautec no início dos anos de 1990 reuniu cientistas da computação, físicos e linguistas para enfrentarem o desafio de construir uma ferramenta automática destinada à revisão ortográfica e gramatical em língua portuguesa. Foi esse grupo que deu origem, em 1993, ao Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional (NILC), um grupo multidisciplinar de pesquisa, cuja sede fica no ICMC, na USP. 

Para comemorar a marca de 25 anos do NILC, assim como relembrar o passado, discutir as oportunidades atuais e planejar o futuro, um workshop acontecerá no auditório Fernão Stella Rodrigues Germano (confira a programação aqui) no dia 4 de maio, sexta-feira. Para participar, basta preencher o formulário disponível neste link: icmc.usp.br/e/8445d. Gratuito e aberto a todos os interessados, o evento é uma oportunidade para quem deseja conhecer o processamento da linguagem natural no Brasil, entender os projetos que estão sendo desenvolvidos atualmente e discutir as oportunidades de pesquisa futuras com os professores, pesquisadores, alunos e ex-alunos do grupo. 

Hoje, o Núcleo conta com pesquisadores de várias instituições, como USP, UNESP, Universidade Federal de São Carlos e Universidade Estadual de Maringá. No total, são 13 professores associados (das áreas de computação, linguística e física), 10 pesquisadores colaboradores regulares e cerca de 60 alunos de graduação e pós-graduação: um pós-doutorando, 23 doutorandos, 21 mestrandos e 15 alunos de graduação que atuam em projetos de iniciação científica e de conclusão de curso. 

Essa equipe tornou o NILC uma referência para os grupos de pesquisa em processamento de linguagem natural do Brasil. Além de inovar em diversas frentes de pesquisa, o Núcleo já estabeleceu colaborações com várias empresas – como Itautec, Microsoft, Samsung e Embrapa, possibilitando a transferência de tecnologia – e com institutos de pesquisa, como o Instituto de Estudos Avançados da ONU, para projetos de grande porte. 

Entre as diversas frentes de atuação do NILC estão projetos para enfrentar desafios científicos relacionados a tradução, ferramentas de auxílio à escrita científica e sumarização – que já são tradicionalmente explorados por quem investiga linguística computacional. Com a expansão da internet e das redes sociais, novas frentes de atuação foram criadas, destinadas, por exemplo, a estudar desafios como a detecção de fake news, a mineração de opinião e o diagnóstico de doenças mentais através da fala, entre muitos outros. Ninguém tem dúvida de que essa história está só começando.

Texto: Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC 

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Seção de Eventos do ICMC: (16) 3373.9622 

Contato para esta pauta
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666 
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Fake news, febre amarela, Parkinson e urnas eletrônicas: confira os destaques do Pint of Science na capital da tecnologia

Festival internacional de divulgação científica acontece nas noites de 14, 15 e 16 de maio; saiba como será a programação em São Carlos

Em São Carlos, o festival que brinda a ciência vai ser realizado simultaneamente em três diferentes locais
(crédito da imagem: Henrique Fontes)

O festival internacional de divulgação científica Pint of Science vai tomar conta de 56 cidades brasileiras nas noites de 14, 15 e 16 de maio. São Carlos, a capital da tecnologia, foi o berço do evento no Brasil e realizará a iniciativa em 2018 pela quarta vez. 

Entre os destaques da programação na cidade estão o fenômeno das fake news, o surto recente de febre amarela, os desafios para diagnosticar e tratar doenças como Parkinson e a tecnologia que existe por trás das criptomoedas e das urnas eletrônicas. Serão nove bate-papos no total, que acontecerão simultaneamente em três locais diferentes. A proposta é apresentar pesquisas recentes em diversas áreas do conhecimento, esclarecer as dúvidas do público e mostrar a beleza da ciência. 

“Em São Carlos, nosso foco é mostrar como a ciência pode fazer diferença no nosso país. Vamos contar com a participação de pesquisadores da USP, da UFSCar, da EMBRAPA, além de empreendedores”, explica Solange Rezende, coordenadora da iniciativa na cidade, onde o evento é realizado desde 2015 pelo Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP. 

“Será uma oportunidade para os são-carlenses conversarem descontraidamente com os cientistas e entenderem melhor como são as pesquisas que eles realizam”, acrescenta a professora do ICMC. “O Pint of Science está contribuindo para a construção de uma cultura de ciência no Brasil e temos orgulho de pertencer à instituição responsável por trazer a iniciativa ao Brasil, que é um dos maiores eventos de divulgação científica do mundo, para o país”, destaca Solange. 

A professora Solange Rezende, do ICMC, coordena o evento em São Carlos
(crédito da imagem: arquivo pessoal)

Programação – Na cidade, os bate-papos acontecerão no bar e restaurante West Brothers, na Cervejaria Kirchen e no espaço de inovação ONOVOLAB, onde haverá um festival de food trucks. Três temas marcarão a abertura do evento, que acontece a partir das 19h30 da segunda-feira, 14 de maio: enquanto as verdades e mitos sobre febre amarela, vacina e mosquito agitarão o público que comparecer ao West Brothers; quem for à Cervejaria Kirchen terá a oportunidade de conversar sobre os desafios de unir a produção agrícola tradicional à agricultura 4.0; ao mesmo tempo em que os visitantes do ONOVOLAB vislumbrarão o potencial transformador das instituições de ensino e das empresas que incentivam a inovação, a criatividade e o empreendedorismo. 

Na noite de terça-feira, 15 de maio, mais três temas serão debatidos: ondas tomarão conta do West Brothers, relacionadas à doença de Parkinson, ao canabidiol e ao comportamento coletivo; já a biotecnologia que vai além dos androides invadirá a Cervejaria Kirchen; e o combate às fake news dará o tom ao ONOVOLAB

Para encerrar o brinde à ciência, na noite de quarta-feira, 16 de maio, os temas podem ser resumidos a três questões: “posso ficar rico com criptomoedas?” é a pergunta a ser respondida no West Brothers; “por que o hidrogênio é a energia do futuro?” é o foco da discussão na Cervejaria Kirchen; e “posso confiar nas urnas eletrônicas?” é a dúvida que será lançada no ONOVOLAB

Vale lembrar que a programação do evento nas 56 cidades do Brasil está disponível no site www.pintofscience.com.br e, para participar, não há necessidade de fazer inscrição. A entrada é gratuita – paga-se apenas o que for consumido nos estabelecimentos – e não há emissão de certificado. 

A entrada no Pint of Science é gratuita, as pessoas só pagam o que consumirem nos locais que recebem o evento
(crédito da imagem: Rogério Gianlorenzo)

De Norte a Sul do Brasil – O Pint of Science nasceu em 2013, como uma iniciativa de pesquisadores da Inglaterra, e se expandiu graças a uma rede de voluntários. Neste ano, 21 países promoverão o evento de forma simultânea. No Brasil, a expectativa é de que 50 mil pessoas compareçam aos bate-papos. Em São Carlos, a expectativa é atrair mais de mil pessoas. 

Na cidade, o Pint of Science conta com o patrocínio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) e da Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Universidade Federal de São Carlos (FAI-UFSCar). Há, ainda, o apoio da Rádio e da TV UFSCar. 

Os bate-papos começam as 19h30, como não são realizadas reservas antecipadamente,
o público deve chegar antes ao local para garantir um lugar
(crédito da imagem: Rogério Gianlorenzo)

Texto – Denise Casatti – Assessoria de Comunicação do ICMC 

Mais informações 
Site do Pint of Science Brasil: www.pintofscience.com.br
Assessoria de Comunicação do ICMC: (16) 3373.9666 
E-mail: comunica@icmc.usp.br